Aviso

Queridos irmaos o chat esta aberto a todos ...aqueles que sentirem necessidade pode la fazer sua prece individual...usem e fiquem a vontade pq a espritualidade presente ira acolher depende unicamente da fé de cada um.....
Muita paz e luz a todos

sábado, 30 de novembro de 2013

Cuidar do Corpo e do Espírito


Consistirá na maceração do corpo a perfeição moral? Para resolver essa questão, apoiar-me-ei em princípios elementares e começarei por demonstrar a necessidade de cuidarse do corpo que, segundo as alternativas de saúde e de enfermidade, influi de maneira muito importante sobre a alma, que cumpre se considere cativa da carne. Para que essa prisioneira viva, se expanda e chegue mesmo a conceber as ilusões da liberdade, tem o corpo de estar são, disposto, forte. Façamos uma comparação: Eis se acham ambos em perfeito estado; que devem fazer para manter o equilíbrio entre as suas aptidões e as suas necessidades tão diferentes? Inevitável parece a luta entre os dois e difícil achar-se o segredo de como chegarem a equilíbrio.
Dois sistemas se defrontam: o dos ascetas, que tem por base o aniquilamento do corpo, e o dos materialistas, que se baseia no rebaixamento da alma. Duas violências quase tão insensatas uma quanto a outra. Ao lado desses dois grandes partidos, formiga a numerosa tribo dos indiferentes que, sem convicção e sem paixão, são mornos no amar e econômicos no gozar. Onde, então, a sabedoria? Onde, então, a ciência de viver? Em parte alguma; e o grande problema ficaria sem solução, se o Espiritismo não viesse em auxílio dos pesquisadores, demonstrando-lhes as relações que existem entre o corpo e a alma e dizendolhes que, por se acharem em dependência mútua, importa cuidar de ambos. Amai, pois, a vossa alma, porém, cuidai igualmente do vosso corpo, instrumento daquela. Desatender as necessidades que a própria Natureza indica, é desatender a lei de Deus. Não castigueis o corpo pelas faltas que o vosso livre-arbítrio o induziu a cometer e pelas quais é ele tão responsável quanto o cavalo mal dirigido, pelos acidentes que causa. Sereis, porventura, mais perfeitos se, martirizando o corpo, não vos tornardes menos egoístas, nem menos orgulhosos e mais caritativos para com o vosso próximo? Não, a perfeição não está nisso: está toda nas reformas por que fizerdes passar o vosso Espírito. Dobrai-o, submetei-o, humilhai-o, mortificai-o: esse o meio de o tornardes dócil à vontade de Deus e o único de alcançardes a perfeição. Jorge, Espírito Protetor. (Paris, l863.)

Reforma Intima







Afonso Rubem Nunes/Expedito Luiz Leão

Somente o amor nos poderá permitir a libertação dos defeitos, vícios e imperfeições que nos acompanham de priscas eras. O amor, sim, mas o amor em movimento: a caridade.

Somente o amor em ação nos poderá abrir a porta da salvação. Através da caridade, a pouco e pouco, iremos vencendo o nosso egoísmo e o nosso orgulho, causas dos nossos insucessos e fracassos e mantenedores de nossa permanência nas trevas e descaminhos da vida. Entretanto, se começarmos a exercitar o amor, timidamente que seja, devagar iremos trabalhando a nossa reforma interior. Temos muito que aprender, muito a corrigir e muito que realizar para podermos iniciar a nossa redenção.

O nosso passado grita dentro de nós, clamando por correção. Nossas tendências, no entanto, ainda nos prendem a esse passado, trazendo-o para o presente, nessa repetição intérmina de erros e desacertos. Se, por alguns instantes, surge em nós a idéia de renovação, no tempo maior, nosso orgulho sufoca novamente, eliminando-a e alimentando os pendores antigos; por isso mesmo a necessidade da vigilância e da prece. Vigiemo-nos e oremos. Supliquemos ao Pai das Bênçãos a bênção da humildade; sem ela, não teremos condições de nos conhecer, e sem nos conhecermos, jamais nos modificaremos. Humildes, começaremos a conhecer os nossos defeitos. Conhecendo-os, certamente que iniciaremos a nossa modificação, mesmo que o façamos timidamente a princípio. Bem sabemos que somos nós próprios a causa do nosso insucesso na retomada de um novo rumo. Se ainda não vencemos, foi porque não nos sentimos suficientemente esclarecidos e fortes o bastante para começarmos a grande luta de nossa vida: a da nossa redenção.

Nossa vida tem sido um pervagar pelos caminhos da sombra. Ainda somos das sombras, por isso a luz nos aborrece. Entretanto, fomos criados luz para vivermos na Luz e nos fazemos trevas para vivermos nas Trevas. “Amaram mais as trevas...”

A luta será grande, se quisermos realmente nos transformar em novas criaturas. E precisamos fazê-lo. A batalha será renhida. Não podemos adia-la mais.Precisamos iniciá-la agora.

Analisemo-nos; muito e detidamente. Comecemos a reforma ou substituição dos defeitos menores, deixando os mais sérios por último. Defeitos menores serão certamente aqueles que nos prejudiquem a nós mesmos, que somente a nós prejudiquem. Por último, aqueles que nos levam a prejudicar mais os outros. Expliquemos: somos ainda muito fracos para combatermos os mais sérios. Se, no entanto, superar os menores, do menor ao maior, em pouco tempo esses defeitos serão substituídos ou vencidos e, enquanto estivermos entretidos em superar os defeitos menores, não teremos tempo para prejudicar a ninguém, pois estaremos absorvidos na eliminação de nossas deficiências. Quando nos vitoriarmos sobre essas deficiências, teremos condições de começar a luta maior de nossa vida, qual seja a de eliminarmos de vez as nossas más tendências, nossos pendores ruins, as nossas paixões malévolas, porque a nossa atenção não será mais distraída por defeitos menores. Ademais, se não tivermos a força para a superação do menor, como suplantaremos o mais sério?

Necessitamos começar já a nossa batalha. O tempo urge, é verdade! Mas é igualmente verdade que ainda temos tempo suficiente para a nossa transformação interior.

Hoje nos encontramos no que vulgarmente se chama a “encruzilhada do destino”.

É o momento de decisão. E decisão exige ação. Ninguém será capaz de permanecer inerte, inerme na hora presente. Nessa “encruzilhada do destino”, teremos que escolher o caminho a seguir. Sabemos que, até hoje, seguimos sempre o caminho das nossas tendências. Agora, também será assim. Daí a necessidade da substituição de valores, a fim de substituirmos os pendores, transformando-os de maus em bons. Se não nos modificarmos, seguiremos o caminho que as tendências indicarem, mas não ficaremos parados.

Aceitemos este fato: vivemos momentos decisivos na história da Terra e de sua humanidade. Logo, nossas decisões terão de ser rápidas e sábias, para sermos capazes de tomar a decisão certa.

A nossa missão, no entanto, nos exige uma tomada de posição bem diferente da maioria do gênero humano, em face do nosso grande endividamento. Embora defeituosos, como o somos, teremos de nos corrigir em serviço, porque para nós já não haverá tempo para, sozinhos, nos preocuparmos tão-somente conosco. Teremos de nos preocupar primeiramente com os outros, os que estão sofrendo ao nosso lado e que, quase sempre, fazem parte do grande contingente humano de vítimas de nossa maldade. Assim, a nossa missão, hoje, será a de nos preocuparmos, primeira e exclusivamente, com os outros, para, nos momentos de descanso, nos preocuparmos conosco. Dessa forma, não apenas refaremos o que erramos, como ainda deixaremos de pensar nós, vencendo, a pouco e pouco, o egoísmo e a presunção de nos julgarmos os melhores. Bem ao contrário do passado: primeiro nós, depois os outros.

O tempo do sofrimento maior chegou. A Terra toda sofre; sofrerá mais. E o Brasil não ficará fora. A desarrumação é geral, para que, em seguida, as nações se organizem em melhores condições, suficientemente preparadas para participarem do surgimento do novo mundo, da nova Terra. “Haverá novos Céus, nova Terra”. Aproveitemos o momento que passa para nos prepararmos para essa grande luta de nossa libertação. Seremos convidados, estamos sendo convidados a participar de estudos e de atividades socorristas. Através dessas atividades assistenciais espirituais, realizaremos a nossa libertação, na justa medida em que participarmos da libertação de nosso semelhante. Na maioria das vezes, o nosso assistido de hoje foi, no passado o nosso grande prejudicado. Muitas vezes, ajudando o semelhante, estaremos tão-somente nos reajustando com ele. Em pouquíssimas ocasiões ajudamos a quem não prejudicamos.

Aproveitemos a hora e transformemo-nos em novas criaturas, porque o momento é hoje, a hora é agora.

Que o Pai das Bênçãos nos abençoe, ilumine os nossos caminhos e nos conduza à libertação. Assim seja.

No Reino da Palavra...



- Não grite.
Não permita que o seu modo de falar se
transforme em agressão.

- Conserve a calma.
Ao falar, evite comentários ou imagens
contrárias ao bem.

- Evite a maledicência.
Trazer assuntos infelizes à conversação,
lamentando ocorrências que já se foram, é requisitar
a poeira de caminhos já superados,
complicando paisagens alheias.

- Abstenha-se de todo adjetivo desagradável
para pessoas, coisas e circunstâncias.
Atacar alguém será destruir hoje o nosso
provável benfeitor de amanhã.

- Use a imaginação sem excesso.
Não exageres sintomas ou deficiências
com os fracos ou doentes, porque isso viria
fazê-los mais doentes e mais fracos.

- Responda serenamente em toda questão difícil.
Na base da esperança e bondade,
não existe quem não possa ajudar conversando.

- Guarde uma frase sorridente e amiga para
toda situação inevitável.
Da mente aos lábios, temos um trajeto
controlável para as nossas manifestações.

- Fuja a comparações, a fim de que seu
verbo não venha a ferir.
Por isso, tão logo a idéia negativa nos alcance
a cabeça, arredemo-la, porque um pensamento
pode ser substituído, de imediato, no silêncio
do espírito, mas a palavra solta é sempre um
instrumento ativo em circulação.

Recorde que Jesus legou o Evangelho,
exemplificando, mas conversando também.
ANDRÉ LUIZ

Como lidar com a raiva





A raiva constitui-se como uma emoção humana normal e habitualmente saudável. 

Os problemas surgem quando se torna descontrolada e destrutiva, podendo afectar o trabalho, a escola, as relações 

pessoais e a qualidade de vida no geral. O descontrolo leva a que te sintas “à mercê” de uma emoção 

imprevisível e poderosa. 

Definição de “raiva” 

De um modo geral, a raiva define-se como um sentimento de protesto, insegurança, timidez ou 

frustração, contra alguém ou alguma coisa, que se exterioriza quando o ego se sente ferido ou 

ameaçado. A intensidade da raiva, ou a sua ausência, difere entre as pessoas. Alguns psicólogos 

apontam o desenvolvimento moral e psicológico do indivíduo como determinante na maneira como a 

raiva é exteriorizada. 

Este sentimento pode ser despoletado por acontecimentos externos e internos. Pode ficar-se 

zangado/com raiva em relação a uma pessoa específica (p.e. um colega) ou acontecimento (p.e. 

engarrafamento no trânsito). A raiva pode ainda ser causada por preocupação excessiva ou 

focalização nos problemas pessoais. As memórias de acontecimentos traumáticos ou marcantes 

também podem desencadear esta emoção. 

Sinais de alerta 

Quando as pessoas ficam com raiva, tendem a experienciar variados pensamentos, sentimentos e 

reacções físicas. Para alguns, os sentimentos tornam-se tão arrebatadores que parecem estar 

“prestes a explodir”. Outros podem não saber que estão muito zangados com a situação, mas 

sentem-se doentes, culpados ou reagem exageradamente a outras situações. 

Seguidamente são apresentadas algumas expressões directas e indirectas de raiva. GAPsi-FCUL 

Sinais directos: elevação do volume da voz, praguejo, dores de cabeça, dores de estômago, aperto 

na garganta, aumento do ritmo cardíaco, aumento da pressão sanguínea, punhos cerrados, ameaças, 

violência, pressão, hostilidade, fúria, ressentimento. 

Sinais indirectos: excesso de sono, fadiga crónica, ansiedade, entorpecimento, depressão, 

aborrecimento, exagero, perda de apetite, choro, crítica constante, piadas más ou hostis, abuso de 

álcool ou drogas. 

Muitas pessoas experienciam estes sinais gerais de raiva. Saber identificá-los constitui-se como o 

primeiro passo para melhor lidar com eles. Alguns sentimentos e pensamentos ocorrem quando a 

raiva surge; outros surgem à medida que a raiva aumenta. 

De modo a identificar de que modo os teus sintomas se desenvolvem, tenta pensar em situações 

passadas em que te parece que a raiva esteve presente e tenta recordar que sentimentos e 

pensamentos a acompanharam. Será bastante útil pensar em situações em que experienciaste 

diferentes níveis de raiva, de modo a melhor compreender como os teus sentimentos, pensamentos e 

sintomas físicos se foram modificando. 

Formas de expressar raiva 

A maneira mais natural e instintiva de expressar raiva é através de respostas agressivas. A raiva é 

uma resposta natural, adaptativa a ameaças; desencadeia sentimentos e comportamentos 

poderosos, frequentemente agressivos, que te permite lutar ou defender quando és atacado/a. Uma 

certa quantidade de raiva é, portanto, necessária para a nossa sobrevivência. 

Por outro lado, não podes descarregar em cada pessoa ou objecto que te irrita ou chateia; as leis, 

normas sociais e senso comum estabelecem limites à expressão da nossa raiva. 

As pessoas servem-se de uma variedade de processos, conscientes e inconscientes, para tentar lidar 

com estes sentimentos de um modo eficaz e socialmente adequado. Três deles são seguidamente 

destacados: 

• Expressar os sentimentos de raiva de um modo assertivo (e não agressivo). Tal implica 

apresentares claramente as tuas necessidades e como podem ser satisfeitas, sem prejudicar 

os outros. O respeito do próprio e dos outros é regra de ouro! 

• Suprimir os sentimentos. Isto acontece quando reténs a raiva, deixas de pensar nela e te 

focalizas em coisas positivas. O objectivo é inibir a raiva e convertê-la em comportamentos 

mais construtivos. O perigo é que, ao não permitir a expressão externa da raiva, ela se vá 

expressar internamente (p.e. hipertensão, depressão). 

• Acalmar/relaxar. Isto implica, não só controlares a expressão do comportamento mas 

também as respostas internas. Em última instância, também os sentimentos são “amenizados”. GAPsi-FCUL 

Não ser capaz de expressar adequadamente os sentimentos de raiva pode gerar outros problemas. 

Concretamente, pode levar a expressões patológicas da raiva, tais como comportamento 

passivo-agressivo ou uma atitude perpetuamente cínica e hostil. As pessoas que rebaixam 

constantemente os outros, que criticam tudo e que fazem comentários cínicos, não aprenderam a 

expressar a sua raiva de um modo construtivo. Habitualmente, são pessoas com poucos 

relacionamentos satisfatórios. 

Mas atenção! Isto não se deve constituir como desculpa para “pores tudo cá para fora”. Algumas 

pessoas podem usar estas ideias como licença para magoar os outros e isso pode ser bastante 

prejudicial. Os estudos mostram que esta “explosão” pode fomentar ainda mais a agressividade e 

raiva, para além de não te ajudar a resolver a situação. 

Deste modo, é preferível saberes o que despoleta a raiva e, posteriormente, desenvolveres 

estratégias que impeçam a escalada prejudicial dos sentimentos. 

Formas de lidar com a raiva eficaz e autonomamente 

Só é possível delinear e recorrer a estratégias eficazes se se conhecerem em pormenor os contornos 

da experiência de raiva: o que penso? o que sinto?. O objectivo destas estratégias não é erradicar 

totalmente as manifestações de raiva do teu repertório comportamental. O que teria acontecido se os 

nossos antepassados não tivessem recorrido à agressividade para sobreviverem nos tempos em que 

vigorava a “lei do mais forte”? Assim, o que se pretende é que consigas fazer um discernimento 

racional das situações em que a raiva pode ser adaptativa e que mantenhas o controlo! 

Lidar com sentimentos e pensamentos 

Quando pensas em situações que te provocaram raiva, é provável que também te recordes de 

sentimentos intensos de raiva, tão avassaladores que te levaram a agir de modos que não 

melhoraram a situação. 

Para melhor compreenderes e controlares estes sentimentos, é necessário analisar um outro aspecto 

destas situações: os teus pensamentos. 

Etapa n.º 1: Analisa. Da próxima vez que te chateares com alguma coisa ou alguém, procura reter 

os pensamentos que te surgiram acerca daquela situação ou pessoa. Assim que possível, aponta-os 

e, ao longo do tempo, faz uma listagem com vários destes pensamentos. 

Etapa n.º2: Avalia. É importante que avalies cuidadosamente os teus pensamentos. São 

precisos/exactos ou distorcidos? Os pensamentos distorcidos são inapropriados ou inexactos e 

podem assumir várias formas, nomeadamente: 

• Rotulagem: atribuição de um rótulo negativo sem considerar outras hipóteses ou 

evidências. P.e. “Ele é um idiota”. GAPsi-FCUL 

• Maximização: quando se avalia alguém, maximiza-se a componente negativa e 

minimiza-se a positiva. P.e. “A minha professora deu-me uma nota baixa, ela é tão injusta” (mas 

também te deu várias notas positivas). 

• Personalização: acreditar que os outros estão a reagir directamente contra ti, sem 

considerares quaisquer explicações mais plausíveis para o seu comportamento. P.e. “Aquele 

rapaz é frio porque se acha superior a mim” (se calhar, esse rapaz recebeu foi notícias 

negativas da sua família…). 

• Visão em túnel: apenas os aspectos negativos da situação são considerados. P.e. “O 

meu professor não consegue fazer nada bem. É crítico, insensível e não dá bem a matéria”. 

• Pensamento “tudo ou nada”: a situação é encarada apenas segundo duas categorias e 

não num contínuo. P.e. “O meu amigo não concorda comigo nesta questão por isso ele não me 

apoia em nada”. 

• Estar certo: tentas continuamente provar que as tuas opiniões e acções são as correctas. 

Estares errado/a é impensável. P.e. “Gritar para a minha colega foi totalmente justificado. Ela 

mereceu-o pelo que fez”. 

Etapa n.º 3: Encontra outras formas mais adaptativas de pensar sobre a situação. Para cada 

pensamento distorcido, tenta encontrar uma forma alternativa, mais adaptativa e que não te faça 

sentir tão zangado/a. Isto pode envolver a exploração dos aspectos positivos de uma pessoa ou 

situação, identificar outras razões possíveis para o comportamento da pessoa, ou olhar de um modo 

“mais abrangente” para a situação. 

Etapa n.º 4: Praticar as etapas anteriores. Esta análise deve ser praticada todos os dias de modo a 

ser eficaz. À medida que se torna mais fácil, ficarás mais competente na identificação dos teus 

pensamentos perante uma situação que te provoque raiva. Ao identificar pensamentos distorcidos e 

substituí-los por outros mais adaptativos, podes evitar ficar tão “imerso/a” na raiva. 

Lidar com sintomas físicos 

O conselho mais comum quando estamos perante alguém muito zangado é “Tem calma” ou “Relaxa”. 

Estas afirmações pretendem responder aos sintomas físicos da raiva, os quais geram tensão no 

corpo ao ponto de parecer prestes a explodir. Aprender como relaxar pode ajudar-te a melhor 

controlar os sinais físicos da raiva. 

Respiração profunda: quando te sentes enraivecido/a, é importante dispores de uma técnica de 

relaxamento que funcione rapidamente e em qualquer situação. A respiração profunda é exemplo 

disso e permite que o organismo absorva mais oxigénio, para além de diminuir o ritmo cardíaco e 

evitar que a adrenalina chegue tão rapidamente à corrente sanguínea. Esta respiração é profunda 

porque envolve a área do estômago ou diafragma, e não o peito. É rítmica e lenta. GAPsi-FCUL 

Ao detectares alterações físicas indicativas de sentimentos de raiva, pára um momento e focaliza-te 

na tua respiração: habitualmente, será rápida e superficial. Se quebrares este ciclo e voluntariamente 

começares a respirar lentamente e pelo diafragma, o organismo irá responder e as alterações físicas 

serão amenizadas. Os músculos começam a relaxar e a sensação de tensão a diminuir. 

Esta breve pausa pode também dar-te a oportunidade para te recompores, controlares os teus 

sentimentos, mudares os teus pensamentos e lidar com a situação de um modo mais eficaz. 

Relaxamento muscular progressivo: esta técnica envolve a contracção e relaxamento sistemático 

dos principais grupos musculares do corpo. Esta técnica pode ajudar-te a localizar áreas no teu corpo 

que estão tensas ou presas e, seguidamente, relaxá-las. Aplicada à situação que evoca raiva, pode 

ajudar a diminuir tais sentimentos, assim como a ficares mais relaxado/a e menos zangado/a quando 

a situação terminar. 

No texto “Aprender a Relaxar”, também disponibilizado na secção Textos de Auto-Ajuda, poderás 

obter mais informações acerca desta técnica. 

Trabalho psicoterapêutico 

Se as sugestões anteriormente apresentadas não te ajudarem a lidar com a raiva de um modo mais 

eficaz ou se tiveres um problema de controlo sério, aconselhamos-te a procurares a ajuda de um 

psicólogo (o GAPsi é uma opção viável nesse sentido). 

A etapa mais importante é encontrar alguém que te ajude a sentir mais controlado/a. Falar com 

alguém pode ajudar a prevenir que situações perigosas ou prejudiciais ocorram. A psicoterapia pode 

também ajudar-te a sentires-te melhor contigo e a melhorares as suas competências comunicativas e 

de relacionamento com os outros. 

Viver em Paz consigo mesmo



[ Marlene Dierschnabel da Silva ]
A maior parte das pessoas procura a paz fora de si, esquecendo-se que ela sempre está presente, no espaço emocional (coração), na mente (espírito) e no corpo/corporeidade. Para enxergá-la ou descobri-la, demanda uma tomada de consciência de onde e como encontrá-la.
Corporeidade para Leonardo Boff e estado físico-geral para Pierre Weil, é tudo o que diz respeito ao conjunto de relações que o ser humano entretém com o universo, com a natureza, com a sociedade, com os outros e com sua própria realidade concreta em termos de cuidado com o ar que respira, com os alimentos que consome/comunga, com a água que bebe, com as roupas que veste e com as energias que vitalizam sua corporeidade. Normalmente se entende essa dimensão como corpo. É o próprio ser humano todo inteiro mergulhado no tempo e na matéria, corpo vivo, dotado de inteligência, de sentimento, de compaixão, de amor e de êxtase. Esse corpo total vive numa trama de relações para fora e para além de si mesmo.
Assim, em todo movimento que fazemos – desde uma ação física até um pensamento – trocamos, com o meio, parte da nossa energia.
O ser humano autossustentável é aquele capaz de renovar sua energia positivamente e autonomamente, de maneira consciente ou não, de forma que sua resultante energética seja sempre saudável e capaz de mantê-lo em harmonia e contínua evolução. Este é um conceito que também poderíamos atribuir à “ecologia interior humana”.
Uma das chaves para a autossustentabilidade é encontrada quando verdadeiramente nos descobrimos como seres espirituais, integrantes de uma grandiosa rede de consciências em evolução e amorosamente imbuídos da construção e manutenção cósmica.
A paz do corpo é vivenciada ou experienciada, através do relaxamento, para aliviar as tensões criadas no corpo diariamente; fruto de emoções destrutivas de uma vida agitada.
Relaxamento se aprende. Para entender do que se trata, realize esta experiência agora, durante esta leitura. Feche os olhos, fique bem à vontade, dê umas três inspirações profundas, soltar os músculos, imagine que você está num lugar ideal de descanso como uma praia ou uma rede na montanha.
Durante dez minutos, aproximadamente, fique neste estado relaxado. Perceba o seu estado físico-geral; bem estar, descontraído, em paz, bem à vontade, solto, repousado, são as sensações, entre outras, quando se sai de um relaxamento.
A vida cotidiana muda praticando relaxamento todos os dias, de manhã e de noite. Esta melhora será muito maior ainda se tratarmos a origem destas tensões musculares.
As emoções destrutivas, como o ciúme, o apego exagerado a coisas, pessoas ou mesmo ideias, a rejeição e a raiva, o orgulho e a indiferença são as grandes causadoras do estresse, geradores de conflitos sofrimentos com os outros e para consigo mesmo.
Grande parte da humanidade costuma se deixar levar por elas, as emoções destrutivas, perdendo o autocontrole - a paz do coração. Por exemplo, a raiva: as pessoas gritam, ofendem, magoam, muitas vezes a quem amam, e depois se sentem culpadas e sofrem. Isto não é uma boa solução. Já outras acham que, a raiva é uma emoção feia e repreensível, rechaçam e recalcam o seu sentimento de rejeição. Continuam cheias de mágoas e de ressentimentos não expressos. Repetindo esta maneira de ser durante meses ou mesmo anos, acabando estressadas, somatisando a sua raiva contida transformando-a numa úlcera duodenal ou enfarto do miocárdio.
De acordo com Pierre Weil, há uma terceira alternativa, um caminho do meio. Em vez de soltar a raiva ou de dominá-la, existe uma solução bastante esperta: simplesmente tomar consciência dela e deixá-la passar, como uma nuvem de tempestade que passa e deixa o sol brilhar de novo e o céu ficar azul.
Chico Xavier dizia: “antes magoar ou ferir alguém com palavras, encha a boca com água e engula-a somente depois que a raiva passar”.
Para conseguir um bom resultado é preciso de certo tempo, algumas semanas ou meses. A verdadeira liberdade se alcança, livrando-se destas emoções pesadas.
Não se livrando de todo da raiva, pode-se fazer com que ela se transforme em sentimentos de amizade ou mesmo de amor. E, aos poucos, transformar-se-á numa segunda natureza, irradiando paz e serenidade em torno de si, sobretudo se paralelamente praticar diariamente o relaxamento do corpo.
Para obter-se ainda mais alegria e harmonia - a paz no nível das emoções, cultivar altos sentimentos humanos, tais como: a alegria de compartilhar felicidade com as pessoas; o amor no sentido de querer a felicidade das pessoas ao seu redor; a compaixão significando o sentimento e o ato de ajudar o outro a aliviar o seu sofrimento; e o tratamento igual para com todos os seres deste universo, sem nenhuma preferência por um ou outro.
Allan Kardec, no livro Evangelho segundo o Espiritismo, diz: "Amar o próximo como a si mesmo: fazer pelos outros, o que quereríamos que os outros fizessem por nós", é a expressão mais completa da caridade, porque resume todos os deveres do homem para com o próximo. Não podemos encontrar guia mais seguro, a tal respeito, que tomar para padrão, do que devemos fazer aos outros, aquilo que para nós desejamos. Com que direito exigiríamos dos nossos semelhantes, melhor proceder, mais indulgência, mais benevolência e devotamento para conosco, do que os temos para com eles? A prática dessas máximas tende à destruição do egoísmo. Quando as adotarem para regra de conduta e para base de suas instituições, os homens compreenderão a verdadeira fraternidade e farão que entre eles reinem a paz e a justiça.
O amor resume a doutrina de Jesus toda inteira, visto que esse é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito. O homem na sua origem, só tem instintos; quando mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando instruído e depurado, tem sentimentos. E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas. A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres; extingue as misérias sociais. Venturoso aquele que, ultrapassando a sua humanidade, ama com amplo amor os seus irmãos em sofrimento!
O homem primitivo possuía só instintos (ponto de partida). O homem moderno, ainda se acha lá no ponto de partida, do que da meta (sentimento), aquele em quem predominam os instintos. A fim de avançar para a meta, tem a criatura que vencer os instintos, em proveito dos seus sentimentos, isto é, aperfeiçoá-los, sufocando os germes latentes da matéria. Os instintos são a germinação e os embriões do sentimento; trazem consigo o progresso, como o fruto encerra em si o carvalho, e os seres menos adiantados são os que, emergindo pouco a pouco de suas crisálidas se conservam escravizados aos instintos.
Crisálida é uma das etapas da transformação da lagarta em borboleta, por exemplo. Após o acasalamento, a borboleta deposita os ovos fecundados, geralmente, em folhas ou galhos de vegetais. Dentro de cada ovo fecundado desenvolve-se uma lagarta. Ao sair do ovo a lagarta se alimenta das folhas do vegetal. A lagarta passa por transformações em seu corpo, produzindo a crisálida, que é um tipo de casulo. No interior da crisálida, no período de alguns dias, a lagarta transforma-se em borboleta. Quando a metamorfose (transformação importante no desenvolvimento do corpo dos insetos, a borboleta, por exemplo, em: ovo, lagarta, crisálida/casulo, e adulto) se completa, a crisálida se rompe e libera a borboleta.
É uma fase de intensa atividade e qualquer mudança brusca no ambiente pode ser fatal. O Espírito precisa ser cultivado, como um campo. Toda a riqueza futura depende do labor atual (trabalho árduo e prolongado), Essa conquista é muito mais do que bens terrenos: a elevação gloriosa. É então que, compreendendo a lei de amor que liga todos os seres, buscaremos nela (a lei do amor) os gozos suavíssimos da alma, prelúdios das alegrias celestes.
O amor é de essência divina e todos nós, do primeiro ao último, temos, no fundo do coração, a centelha desse fogo sagrado.
De nada adianta a paz do corpo e a do coração, se a mente continuar agitada, sem paz espiritual, gerando uma hiperatividade no mundo externo e uma invasão, de pensamentos como: ideias, imagens, formas, símbolos, perpassando lembranças incessantemente. Ao cabo de um dia tem-se uma só vontade, a de ir para cama e dormir! Esta é a atividade típica da uma mente com infinitas produções e funções bastante úteis de um cotidiano.
A mente nos permite raciocinar, lembrar, apreciar, comparar, julgar, decidir, avaliar, nos defender. Em certas ocasiões uma atividade normal do espírito, pode gerar emoções destrutivas.
Basta, por exemplo, se lembrarmos de um inimigo, a reação da raiva surge de imediato, perdendo a paz de espírito!
A mente, gerada pelo espírito, acaba obstruindo a nossa via de acesso à paz natural, caraterística do próprio espírito. E assim, perdemos a paz do espírito - o controle de nós mesmos.
No livro Vida: Desafios e Soluções, psicografado por Divaldo P. Franco, pelo espírito de Joanna de Ângelis fala-nos da vontade que deve ser orientada no auxílio da disciplina mental, trabalhada com exercícios de meditação, através de pensamentos elevados para gerar condicionamento novo, estabelecendo hábito diferente do comum.
São indispensáveis vários recursos que auxiliam a montagem dos equipamentos da vontade: paciência, perseverança e autoconfiança.
A paciência ensina que todo o trabalho começa, mas não se pode aguardar um término imediato, porque conquistada uma etapa, outra surge desafiadora, já que o ser não cessa de crescer. Somente de um programa cuidadoso e contínuo consegue-se alcançar o objetivo que se busca.
A paciência é um recurso que se treina com a insistência para dar continuidade a qualquer empreendimento esperando-se que outros fatores, que independem da pessoa, contribuam para os resultados que se espera alcançar.
Lentamente são criados no inconsciente, condicionamentos em favor da faculdade de esperar, aquietando as ansiedades perturbadoras e criando um clima de equilíbrio emocional no ser.
A paciência, como qualquer outra conquista, exige treinamento, constância e fé na capacidade de realizar o trabalho, como requisitos indispensáveis para ser alcançada. No começo, evita ultrapassar os limites nas exigências do crescimento íntimo, elaborando um programa que deve ser aplicado sem saltos, passo a passo, o que contribui para os resultados excelentes, que abrirão oportunidades a outras possibilidades de desenvolvimento pessoal.
A perseverança é um fator imprescindível à disciplina da vontade. Ela se apresenta com tenacidade e insistência no trabalho que se está ou que se pretende executar, de forma que não se interrompa o curso programado. Mesmo quando os desafios se manifestam, a firmeza de decisão pela consciência do que se vai efetuar, faculta maior interesse no processo desenvolvido, propondo levar o projeto até o fim, sem que o desânimo encontre amparo.
Somente através da perseverança é que se consegue amoldar as ambições aos atos, tornando-os realizáveis, materializando-os particularmente no que diz respeito àqueles de elevada qualidade moral, que resultam em bênçãos de qualquer natureza em favor do Espírito. (...)
Como qualquer outro condicionamento, a perseverança decorre da insistência que se impõe o indivíduo, para alcançar os objetivos que o promovem e o dignificam. Sem ela ninguém existe ou é incapaz de consegui-la, porque resulta apenas do desejo que se transforma em tentativa e que se realiza em atitude contínua de ação.
Da conquista da paciência, face à perseverança que a completa, passa-se a autoconfiança, a certeza das possibilidades existentes que podem ser aplicadas em favor dos anseios íntimos. Desaparecem os medos e os mecanismos autopunitivos, auto-afligentes, que são fatores dissolventes do progresso, da evolução dos ser.

Mediante essa conquista a vontade passa a ser comandada pela mente saudável, que distingue entre o que deve e pode fazer, quais são os objetivos da sua existência na Terra e como amadurecer emocional e psicologicamente, para enfrentar as eventualidades, as dificuldades, os problemas que fazem parte de todo o desenrolar do crescimento interior. Nasce assim, o adulto de vontade firme e confiante, que programa os seus atos trabalhando com afinco para conseguir resultados satisfatórios.
Nessa empreitada ele não deseja triunfar sobre os outros, conquistar o mundo, tornar-se famoso, conduzir as massas, ser endeusado, porque a sua é a luta para conquistar-se, realizar-se interiormente, de cujo esforço virão as outras posses, que são de secundária importância, mas que fazem parte também dos mecanismos existenciais, que constituem o desenvolvimento, o progresso da sociedade, o surgimento das suas lideranças, dos seus astros e construtores do futuro.
Todo esse empreendimento resulta da vontade disciplinada, que se torna o mais notável instrumento de trabalho para a vitória da existência física do ser pensante na Terra.
A ciência nos ensina que tanto o ser humano como todos os objetos e mundo ao seu redor são constituídos de energia, e da mesma energia. Assim sendo nada é separado neste nível de compreensão da verdadeira natureza das coisas.
É impossível separar a unidade do todo. É impossível separar a ecologia Íntima da ecologia planetária. Cada um de nós é um sistema ecológico completo; multidimensional. Em cada um de nós convivem células, órgãos, pensamentos, emoções e sentimentos de toda ordem que interagem com os da coletividade próxima e a coletividade distante. Estamos todos, a caminho da autossustentabilidade do ser.
Na velha Grécia, Sócrates apresentou de forma simples o que é Ecologia. A origem do termo ecologia vem do grego “oikos” casa e “logos” estudo. Analisar e estudar nossa casa mental, sob múltiplos e variados aspectos é um passo importante na busca do desenvolvimento sustentável ético e responsável.
REFERÊNCIAS
BOFF, Leonardo. Espiritualidade, dimensão esquecida e necessária. 4 abril 2012. Disponível em: <http://leonardoboff.com/site/vista/outros/espiritualidade.htm>. Acesso em: 3 abril 2012.
CANHOTO, Américo. Ecologia interior - campanha pela preservação da espécie. EcoDebate - Cidadania & Meio Ambiente. 28 novembro 2009. Disponível em: http://www.ecodebate.com.br/2009/11/28/ecologia-interior-campanha-pela-preservacao-da-especie-artigo-de-americo-canhoto/. Acesso em: 7 março 2012.
FRANCO, Divaldo P. Vida: desafios e soluções. 2.ed. Salvador: Livraria Espírita Alvorada,1997. p.11-115.
KARDEC, Allan. Evangelho segundo o Espiritismo. 121.ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira.2003. p.183–190.

Influência dos Espíritos sobre os acontecimentos da vida


525 Os Espíritos exercem alguma influência sobre os acontecimentos da vida?
– Certamente, uma vez que vos aconselham.
525 a Eles exercem essa influência de outro modo, além dos pensamentos que sugerem, ou seja, têm uma ação direta sobre a realização das coisas?
– Sim, mas nunca agem fora das leis da natureza.
 Imaginamos erroneamente que a ação dos Espíritos deve se manifestar somente por fenômenos extraordinários. Desejaríamos que nos viessem ajudar por milagres e nós os representamos sempre armados de uma varinha mágica. Mas não é assim; e porque sua intervenção nos é oculta, o que fazemos, embora com a sua cooperação, nos parece muito natural. Assim, por exemplo, provocarão a reunião de duas pessoas que parecerão se reencontrar por acaso; inspirarão a alguém o pensamento de passar por determinado lugar; chamarão sua atenção sobre um certo ponto, se isso deve causar o resultado que tenham em vista obter, de tal modo que o homem, acreditando seguir somente um impulso próprio, conserva sempre seu livre-arbítrio.
526 Os Espíritos, tendo ação sobre a matéria, podem provocar alguns efeitos para realizar um acontecimento? Por exemplo, um homem deve morrer: ele sobe uma escada de madeira, a escada se quebra e o homem morre; são os Espíritos que fazem quebrar a escada para realizar o destino desse homem?
– É certo que os Espíritos têm ação sobre a matéria, mas para a realização das leis da natureza e não para as anular ao fazer surgir num certo momento um acontecimento inesperado e contrário a essas leis. No exemplo apresentado, a escada se quebra porque estava gasta e fraca ou não era suficientemente forte para suportar o peso do homem. Se por expiação esse homem tivesse que morrer assim, os Espíritos lhe inspirariam o pensamento de subir nessa escada, que, por ser velha, se quebraria com seu peso, e sua morte teria lugar por efeito natural, sem que fosse necessário fazer um milagre, isto é, anulando uma lei natural de fazer quebrar uma escada boa e forte.
527 Tomemos um outro exemplo em que o estado natural da matéria não seja importante. Um homem deve morrer fulminado por um raio; ele se refugia sob uma árvore, o raio brilha, explode e o mata. Os Espíritos puderam provocar o raio e dirigi-lo até ele?
– É ainda a mesma coisa. O raio atingiu a árvore nesse momento porque estava nas leis da natureza que fosse assim; não foi dirigido para a árvore porque o homem estava debaixo dela. Ao homem, sim, foi inspirado o pensamento de se refugiar debaixo da árvore em que o raio deveria cair, porém a árvore seria atingida, estivesse o homem debaixo dela ou não.
528 Um homem mal-intencionado dispara uma arma contra outro, a bala passa de raspão e não o atinge. Um Espírito benevolente pode tê-la desviado?
– Se o indivíduo não deve ser atingido, o Espírito benevolente lhe inspirará o pensamento de se desviar ou poderá dificultar a pontaria do seu inimigo de modo a fazê-lo enxergar mal. Mas a bala, uma vez disparada, segue a linha que deve percorrer.
529 O que se deve pensar das balas encantadas de algumas lendas que atingem fatalmente um alvo?
– Pura imaginação; o homem adora o maravilhoso e não se contenta com a maravilha da natureza.
529 a Os Espíritos que dirigem os acontecimentos da vida podem ser contrariados por Espíritos que queiram o contrário?
– O que Deus quer deve acontecer; se há um atraso ou um impedimento, é por Sua vontade.
530 Os Espíritos levianos e zombeteiros podem criar pequenos embaraços que atrapalham nossos projetos e confundir nossas previsões? Em uma palavra, são autores das chamadas pequenas misérias da vida humana?
– Eles se satisfazem em causar aborrecimentos que são provas para exercitar vossa paciência, mas se cansam quando não conseguem nada. Entretanto, não seria justo nem exato acusá-los de todas as vossas decepções, de que sois os primeiros responsáveis pela vossa leviandade. Acreditai, portanto, que, se a vossa baixela de louça se quebra, é antes pela vossa falta de jeito do que por culpa dos Espíritos.
530 a Os Espíritos que provocam essas inquietações agem por conseqüência de uma animosidade pessoal ou atacam o primeiro que chega, sem motivo determinado, unicamente por malícia?
– Ambos os casos. Algumas vezes, são inimigos que fazeis durante essa vida ou em uma outra, e que vos perseguem; outras vezes, não há motivos.
531 A maldade dos que nos fizeram mal na Terra se extingue com a morte?
– Muitas vezes sim, porque reconhecem sua injustiça e o mal que fizeram. Mas freqüentemente continuam a vos perseguir com persistência, se estiver nos desígnios da Providência, para continuar a vos provar.
531 a Pode-se pôr um fim a isso? Como?
– Sim, se orar por eles e retribuir o mal com o bem, acabarão por compreender seus erros. Além disso, se vos colocardes acima de suas maquinações, eles cessarão, vendo que nada ganham com isso.
 A experiência demonstra que alguns Espíritos prosseguem sua vingança de uma existência a outra, e que assim expiam, cedo ou tarde, os males que se pode ter feito a alguém.
532 Os Espíritos têm o poder de afastar os males sobre algumas pessoas e de atrair para elas a prosperidade?
– Não completamente. Há males que estão nos desígnios da Providência, mas amenizam vossas dores ao vos dar a paciência e a resignação.
Deveis prestar atenção porque depende muitas vezes de vós afastar esses males ou pelo menos atenuá-los. Deus vos deu a inteligência para vos servirdes dela e é principalmente por meio dela que os Espíritos vêm vos ajudar ao sugerir pensamentos benéficos; mas apenas assistem àqueles que sabem ajudar-se a si mesmos. É o sentido destas palavras: “Procurai e encontrareis, batei e se vos abrirá”.
Sabei ainda: o que parece um mal nem sempre é. Freqüentemente, do mal que vos aflige sairá um bem muito maior. É o que não compreendereis, enquanto pensardes somente no momento presente ou em vós mesmos.
533 Os Espíritos podem fazer obter a riqueza, se para isso são solicitados?
– Algumas vezes como prova, mas, freqüentemente, recusam, como se recusa a uma criança a satisfação de um pedido absurdo.
533 a Quando atendem, são os bons ou os maus Espíritos que concedem esses favores?
– Ambos; isso depende da intenção. Na maioria das vezes são Espíritos que querem vos conduzir ao mal e que encontram um meio fácil de o conseguir nos prazeres que a riqueza proporciona.
534 Quando sentimos obstáculos fatais em oposição aos nossos projetos, seria pela influência de algum Espírito?
– Algumas vezes, são os Espíritos. Outras, na maioria delas, é que escolhestes mal a elaboração e execução do projeto. A posição e o caráter influem muito. Se insistis num caminho que não é o vosso, não é devido aos Espíritos: é que sois vosso próprio mau gênio.
535 Quando alguma coisa feliz nos acontece, é a nosso Espírito protetor que devemos agradecer?
– Agradecei a Deus, sem cuja permissão nada se faz; depois, aos bons Espíritos, que são seus agentes.
535 a O que acontece quando não agradecemos?
– O que acontece aos ingratos.
535 b Entretanto, há pessoas que não oram nem agradecem e para as quais tudo dá certo!
– Sim, mas é preciso ver o final. Pagarão bem caro essa felicidade passageira que não merecem, já que, quanto mais tiverem recebido, mais contas terão que prestar.

Ação dos Espíritos sobre os fenômenos da natureza

536 Os grandes fenômenos da Natureza, aqueles que são considerados como uma perturbação dos elementos, são de causas imprevistas ou, ao contrário, são providenciais?
– Tudo tem uma razão de ser e nada acontece sem a permissão de Deus.
536 a Esses fenômenos sempre têm o homem como objetivo?
– Algumas vezes têm uma razão de ser direta para o homem. Entretanto, na maioria dos casos, têm por objetivo o restabelecimento do equilíbrio e da harmonia das forças físicas da natureza.
536 b Concebemos perfeitamente que a vontade de Deus seja a causa primária nisso como em todas as coisas, mas, como sabemos que os Espíritos têm uma ação sobre a matéria e que são os agentes da vontade de Deus, perguntamos: alguns dentre eles não exercem uma influência sobre os elementos para os agitar, acalmar ou dirigir?
– Mas é evidente que exercem e não pode ser de outro modo. Deus não exerce ação direta sobre a matéria; ele tem agentes devotados em todos os graus da escala dos mundos.
537 A mitologia dos antigos é inteiramente fundada sobre as idéias espíritas, com a diferença de que consideravam os Espíritos divindades. Representavam esses deuses ou Espíritos com atribuições especiais: assim, uns eram encarregados dos ventos, outros do raio, outros de presidir a vegetação, etc; essa crença é totalmente destituída de fundamento?
– Ela é tão pouco destituída de fundamento que ainda está muito aquém da verdade.
537 a Pela mesma razão, poderia haver Espíritos vivendo no interior da Terra e dirigindo os fenômenos geológicos?
– Evidentemente esses Espíritos não habitam exatamente o interior da Terra, mas presidem e dirigem os fenômenos de acordo com suas atribuições. Um dia, tereis a explicação de todos esses fenômenos e os compreendereis melhor.
538 Os Espíritos que dirigem os fenômenos da natureza formam uma categoria especial no mundo espírita? São seres à parte ou Espíritos que estiveram encarnados como nós?
– Que estiveram ou que estarão.
538 a Esses Espíritos pertencem às ordens superiores ou inferiores da hierarquia espírita?
– Isso é conforme seja mais ou menos material ou inteligente o papel que desempenham. Uns comandam, outros executam. Aqueles que executam as coisas materiais são sempre de uma ordem inferior, entre os Espíritos como entre os homens.
539 Na produção de alguns fenômenos, as tempestades por exemplo, é um Espírito que age, ou se reúnem em massa?
– Em massas inumeráveis.
540 Os Espíritos que exercem ação sobre os fenômenos da natureza agem com conhecimento de causa, pelo seu livre-arbítrio, ou por um impulso instintivo ou irrefletido?
– Uns sim, outros não. Façamos uma comparação: imaginai essas imensidades de animais que pouco a pouco fazem sair do mar as ilhas e os arquipélagos, acreditais que não há nisso um objetivo providencial e que essa transformação da superfície do globo não seja necessária para a harmonia geral? Esses são apenas animais da última ordem que realizam essas coisas para proverem suas necessidades e sem desconfiarem que são os instrumentos de Deus. Pois bem! Do mesmo modo, os Espíritos mais atrasados são úteis ao conjunto; enquanto ensaiam para a vida e antes de ter plena consciência de seus atos e seu livre-arbítrio, agem sobre alguns fenômenos dos quais são agentes inconscientes. Executam primeiro; mais tarde, quando sua inteligência estiver mais desenvolvida, comandarão e dirigirão as coisas do mundo material; mais tarde ainda, poderão dirigir as coisas do mundo moral. É assim que tudo serve, tudo se encaixa na natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo que começou pelo átomo; admirável lei de harmonia da qual vosso Espírito limitado ainda não pode entender o conjunto.

Os Espíritos durante os combates

541 Durante uma batalha há Espíritos que assistem e sustentam cada lado?
– Sim, e que estimulam a coragem de ambos os lados.
 Os antigos representavam os deuses tomando partido por este ou aquele povo. Esses deuses eram simplesmente Espíritos representados sob figuras alegóricas.
542 Numa guerra, a justiça está sempre de um lado; como é que os Espíritos tomam partido por aquele que errou?
– Sabeis bem que há Espíritos que procuram apenas discórdia e destruição; para eles, guerra é guerra: a justiça da causa pouco os preocupa.
543 Alguns Espíritos podem influenciar o general na concepção dos seus planos de campanha?
– Sem dúvida nenhuma. Os Espíritos podem influenciar nesse sentido, como em todas as concepções.
544 Os maus Espíritos poderiam inspirar a um general um plano errôneo para levá-lo à derrota?
– Sim; mas ele não tem seu livre-arbítrio? Se seu julgamento não permite distinguir uma idéia justa de uma falsa, sofrerá as conseqüências disso, e faria melhor obedecer do que comandar.
545 O general pode, algumas vezes, ser guiado por uma espécie de segunda vista, uma vista intuitiva que lhe mostra antecipadamente o resultado de sua estratégia?
– É muitas vezes assim que ocorre com o homem de gênio. É o que ele chama inspiração e faz com que aja com uma espécie de certeza. Essa inspiração vem dos Espíritos que o dirigem e se servem das faculdades de que é dotado.
546 No tumulto do combate, o que acontece com os Espíritos que morrem? Ainda se interessam pela luta após a morte?
– Alguns se interessam; outros se afastam.
 Nos combates, acontece o que ocorre em todos os casos de morte violenta; no primeiro momento o Espírito fica surpreso e atordoado e não acredita estar morto, ainda pensa tomar parte na ação; é somente pouco a pouco que a realidade aparece.
547 Após a morte, os Espíritos que se combatiam enquanto vivos se reconhecem por inimigos e ainda lutam uns contra os outros?
– O Espírito nessas horas nunca está calmo; no primeiro momento ainda pode odiar seu inimigo e até mesmo persegui-lo, mas quando as idéias lhe retornam vê que seu ódio não tem mais objetivo; entretanto, ainda pode conservar traços dessas idéias mais ou menos fortes, conforme seu caráter.
547 a Percebe ainda o rumor da batalha?
– Sim, perfeitamente.
548 O Espírito que assiste com sangue-frio a um combate, como espectador, testemunha a separação da alma e do corpo. Como esse fenômeno se apresenta a ele?
– Há poucas mortes instantâneas. Quase sempre, o Espírito cujo corpo vem a ser mortalmente ferido não tem consciência disso no momento. Quando começa a reconhecer sua condição é que pode distinguir o Espírito a mover-se ao lado do cadáver; isso parece tão natural que a visão do corpo morto não lhe causa nenhum efeito desagradável. Como a essência da vida está toda concentrada no Espírito, só ele atrai a atenção; é com ele que conversa, ou a ele que se dirige.

Pactos

549 Há alguma coisa de verdadeiro nos pactos com maus Espíritos?
– Não, não há pactos. O que há é uma má natureza que simpatiza com os maus Espíritos. Por exemplo: quereis atormentar vosso vizinho e não sabeis como fazê-lo; então, chamais os Espíritos inferiores que, como vós, querem apenas o mal. E para vos ajudar querem também ser servidos nos seus maus propósitos. Mas não se segue daí que vosso vizinho não possa se livrar deles por meio de uma ação contrária e por sua vontade. Aquele que quer cometer uma má ação atrai, pelo simples fato de querer, os maus Espíritos para o auxiliar; então, fica obrigado a servi-los por sua vez, porque eles também têm necessidade dele para o mal que queiram fazer. É somente nisso que consiste o pacto.
 A dependência em que o homem se encontra, algumas vezes, em relação aos Espíritos inferiores provém de se entregar aos maus pensamentos que são sugeridos e não de quaisquer propostas aceitas de ambas as partes. O pacto em seu sentido comum ligado à essa palavra é uma alegoria que representa uma criatura de natureza má que simpatiza com os Espíritos maldosos.
550 Qual o sentido das lendas fantásticas em que os indivíduos teriam vendido sua alma a Satanás para obter favores?
– Todas as fábulas encerram um ensinamento e um sentido moral. O erro é tomá-las ao pé da letra. Essa é uma lenda que se pode explicar assim: aquele que chama em sua ajuda os Espíritos para obter os dons da riqueza ou qualquer outro favor rebela-se contra a Providência, renuncia à missão que recebeu e às provas por que precisa passar na Terra e sofrerá as conseqüências na vida futura. Isso não significa que sua alma esteja sempre condenada ao sofrimento. Mas, se em vez de se libertar da matéria, a ela se liga cada vez mais, o que foi para ele uma alegria na Terra não o será no mundo dos Espíritos até que tenha resgatado a sua falta por novas provas, talvez maiores e mais difíceis. Por seu apego aos prazeres materiais, coloca-se sob a dependência dos Espíritos impuros. Fica assim estabelecido entre ambos um pacto tácito que o conduz à perdição, mas que é sempre fácil de romper com a assistência dos bons Espíritos, se para isso tiver vontade firme.

Poder oculto. Talismãs. Feiticeiros

551 Pode um homem mau, com a ajuda de um mau Espírito que lhe é devotado, fazer o mal a seu próximo?
– Não. A Lei de Deus não o permite.
552 O que pensar da crença no poder que certas pessoas teriam de enfeitiçar?
– Algumas pessoas têm um poder magnético muito grande do qual podem fazer mau uso se seu próprio Espírito é mau e, nesse caso, podem ser ajudadas por outros maus Espíritos. Entretanto, não acrediteis nesse pretenso poder mágico que está apenas na imaginação das pessoas supersticiosas, ignorantes das verdadeiras leis da natureza. Os fatos que citam para comprovar o seu poder são fatos naturais mal observados e, principalmente, mal compreendidos.
553 Qual pode ser o efeito das fórmulas e práticas com que algumas pessoas pretendem dispor da cooperação dos Espíritos?
– É o efeito de torná-las ridículas se forem pessoas de boa-fé. Caso contrário, são patifes que merecem castigo. Todas as fórmulas são enganosas; não há nenhuma palavra sacramental, nenhum sinal cabalístico, nenhum talismã que tenha qualquer ação sobre os Espíritos, porque eles são atraídos somente pelo pensamento e não pelas coisas materiais.
553 a Alguns Espíritos não têm, às vezes, ditado fórmulas cabalísticas?
– Sim, há Espíritos que indicam sinais, palavras esquisitas ou prescrevem alguns atos com a ajuda dos quais fazeis o que chamais de tramas secretas; mas ficais bem certos: são Espíritos que zombam e abusam de vossa credulidade.
554 Aquele que, errado ou certo, tem confiança no que chama virtude de um talismã, não pode por essa própria confiança atrair um Espírito, já que é o pensamento que age? O talismã não será apenas um sinal que ajuda a dirigir o pensamento?
– É verdade; mas a natureza do Espírito atraído depende da pureza da intenção e da elevação dos sentimentos; portanto, devemos crer que aquele que é tão simples para acreditar na virtude de um talismã não tenha um objetivo mais material do que moral. Além do mais, em todos os casos, isso indica uma inferioridade e fraqueza de idéias que o expõem aos Espíritos imperfeitos e zombeteiros.
555 Que sentido se deve dar à qualificação de feiticeiro?
– Aqueles que chamais feiticeiros são pessoas, quando de boa-fé, dotadas de algumas faculdades, como o poder magnético ou a dupla vista. Então, como fazem coisas que não compreendeis, acreditais que são dotados de um poder sobrenatural. Vossos sábios, freqüentemente, têm passado por feiticeiros aos olhos das pessoas ignorantes.
 O Espiritismo e o magnetismo nos dão a chave de uma multidão de fenômenos sobre os quais a ignorância teceu uma infinidade de fábulas em que os fatos são exagerados pela imaginação. O conhecimento esclarecido dessas duas ciências, que por assim dizer são apenas uma, mostrando a realidade das coisas e sua verdadeira causa, é a melhor defesa contra as idéias supersticiosas, porque mostra o que é possível e o que é impossível, o que está nas leis da natureza e o que é apenas uma crença ridícula.
556 Algumas pessoas têm verdadeiramente o dom de curar pelo simples toque?
– O poder magnético pode chegar a esse ponto quando se alia à pureza dos sentimentos e um ardente desejo de fazer o bem, porque os bons Espíritos vêm em sua ajuda, mas é preciso desconfiar da maneira como as coisas são contadas por pessoas muito crédulas ou entusiasmadas, sempre dispostas a ver o maravilhoso nas coisas mais simples e naturais. É preciso, também, desconfiar das narrações interesseiras das pessoas que exploram a credulidade em seu proveito.

Bênção e maldição

557 A bênção e a maldição podem atrair o bem e o mal sobre aqueles em quem são lançadas?
– Deus não escuta uma maldição injusta e aquele que a pronuncia é culpado a seus olhos. Como temos os dois opostos, o bem e o mal, ela pode ter uma influência momentânea, até mesmo sobre a matéria; mas essa influência ocorre apenas pela vontade de Deus e como acréscimo de prova para aquele que dela é objeto. Além disso, muitas vezes, se maldizem os maus e se abençoam os bons. A bênção e a maldição não podem nunca desviar a Providência do caminho da justiça e nunca atinge o maldito senão quando é mau. A sua proteção cobre apenas aquele que a merece.

  1. Convulsivo: a convulsão se caracteriza pela contração repentina e continuada dos músculos, com dores. Os que as sofrem podem perder momentaneamente a noção das coisas. É conhecida pelo nome de espasmo (N. E.).
  2. Lares e Penates: deuses domésticos entre os romanos e pagãos (N. E.).

Anjos de guarda; Espíritos protetores, familiares ou simpáticos


489 Há Espíritos que se ligam a um indivíduo em particular para protegê-lo?
– Sim, o irmão espiritual; é o que chamais de bom Espírito ou bom gênio.
490 O que se deve entender por anjo de guarda?
– O Espírito protetor de uma ordem elevada.
491 Qual é a missão do Espírito protetor?
– A de um pai para com seus filhos: conduzir seu protegido ao bom caminho, ajudá-lo com seus conselhos, consolá-lo em suas aflições, sustentar sua coragem nas provas da vida.
492 O Espírito protetor é ligado ao indivíduo desde seu nascimento?
– Desde o nascimento até a morte e, muitas vezes, o segue após a morte na vida espiritual, e mesmo em muitas existências corporais, porque essas existências são somente fases bem curtas em relação à vida do Espírito.
493 A missão do Espírito protetor é voluntária ou obrigatória?
– O Espírito é obrigado a velar por vós, se aceitou essa tarefa. Mas escolhe os seres que lhes são simpáticos. Para uns é um prazer; para outros, uma missão ou um dever.
493 a Ao se ligar a uma pessoa o Espírito renuncia a proteger outros indivíduos?
– Não, mas não faz só isso, exclusivamente.
494 O Espírito protetor está inevitavelmente ligado à criatura confiada à sua guarda?
– Pode ocorrer que alguns Espíritos tenham que deixar sua posição para realizar diversas missões, mas nesse caso são substituídos.
495 O Espírito protetor abandona algumas vezes seu protegido quando este é rebelde aos seus conselhos?
– Ele se afasta quando vê que seus conselhos são inúteis e a vontade de aceitar a influência dos Espíritos inferiores é mais forte no seu protegido. Mas não o abandona completamente e sempre se faz ouvir; é, porém, o homem quem fecha os ouvidos. O protetor volta logo que seja chamado.
É uma doutrina que deveria converter os mais incrédulos por seu encanto e por sua doçura: a dos anjos de guarda. Pensar que se tem sempre perto de si seres superiores, sempre prontos para aconselhar, sustentar, ajudar a escalar a áspera montanha do bem, que são amigos mais seguros e devotados que as mais íntimas ligações que se possa ter na Terra, não é uma idéia bem consoladora? Esses seres estão ao vosso lado por ordem de Deus,que por amor os colocou perto de vós, cumprindo uma bela, embora difícil, missão. Sim, em qualquer lugar onde estiverdes estarão convosco: nas prisões, nos hospitais, nos lugares de devassidão, na solidão, nada vos separa desses amigos que não podeis ver, mas de quem vossa alma sente os mais doces estímulos e ouve os sábios conselhos.
Deveríeis conhecer melhor essa verdade! Quantas vezes vos ajudaria nos momentos de crise; quantas vezes vos salvaria dos maus Espíritos! Mas no dia decisivo, esse anjo do bem terá que vos dizer: “Não te disse isso? E tu não o fizeste. Não te mostrei o abismo? E tu aí te precipitaste. Não te fiz ouvir na tua consciência a voz da verdade? E não seguiste os conselhos da mentira?” Ah! Interrogai os vossos anjos de guarda; estabelecei entre eles e vós essa ternura íntima que reina entre os melhores amigos. Não penseis em lhes esconder nada, porque eles são os olhos de Deus e não podeis enganá-los. Sonhai com o futuro. Procurai avançar nessa vida e vossas provas serão mais curtas;vossas existências, mais felizes. Vamos, homens de coragem! Atirai para longe de vós de uma vez por todas os preconceitos e idéias retrógradas. Entrai no novo caminho que se abre diante de vós. Marchai! Marchai! Tendes guias, segui-os: o objetivo não pode vos faltar, porque esse objetivo é o próprio Deus.
Aos que pensam que é impossível para os Espíritos verdadeiramente elevados se sujeitarem a uma tarefa tão árdua e de todos os instantes, diremos que influenciamos vossas almas estando a milhões e milhões de quilômetros. Para nós o espaço não é nada e, embora vivendo em outro mundo, nossos Espíritos conservam sua ligação com o vosso. Nós podemos usar de faculdades que não podeis compreender, mas ficais certos de que Deus não nos impôs uma tarefa acima de nossas forças e não vos abandonou sozinhos na Terra sem amigos e sem apoio. Cada anjo de guarda tem seu protegido por quem vela, como um pai vela pelo seu filho. Fica feliz quando o vê no bom caminho; fica triste quando seus conselhos são desprezados.
Não temais nos cansar com vossas questões. Ao contrário, procurai estar sempre em relação conosco: sereis mais fortes e felizes. São essas comunicações de cada homem com seu Espírito familiar que fazem de todos os homens médiuns, médiuns ignorados hoje, mas que se manifestarão mais tarde e que se espalharão como um oceano sem limites para repelir a incredulidade e a ignorância. Homens instruídos, instruí os vossos irmãos; homens de talento, elevai vossos irmãos. Não sabeis que obra cumprireis assim: é a do Cristo, a que Deus vos conferiu. Por que Deus vos deu a inteligência e a ciência, senão para as repartir com vossos irmãos, para fazê-los adiantarem-se no caminho da alegria e da felicidade eterna?
São Luís, Santo Agostinho
 A doutrina dos anjos de guarda, velando sobre seus protegidos apesar da distância que separa os mundos, não tem nada que deva surpreender; é, ao contrário, grande e sublime. Não vemos na Terra um pai velar pelo seu filho, embora esteja afastado dele, ajudá-lo com seus conselhos por correspondência? O que haveria, então, de espantoso em que os Espíritos pudessem guiar aqueles que tomam sob sua proteção, de um mundo a outro, uma vez que para eles a distância que separa os mundos é menor do que aquela que, na Terra, separa os continentes? Eles não dispõem, por outro lado, do fluido universal, que liga todos os mundos e os torna solidários, veículo magnífico da transmissão dos pensamentos, como o ar é, para nós, o veículo da transmissão do som?
496 O Espírito que abandona seu protegido, não lhe fazendo mais o bem, pode lhe fazer o mal?
– Os bons Espíritos nunca fazem o mal; deixam que o façam os que tomam o seu lugar. Acusais, então, a sorte pelas infelicidades que vos acontecem, quando a culpa é vossa.
497 O Espírito protetor pode deixar seu protegido sob a dependência de um Espírito que poderia lhe querer o mal?
– Os maus Espíritos se unem para neutralizar a ação dos bons. Se o protegido quiser, receberá toda a força de seu bom Espírito. O bom Espírito encontra, em algum lugar, uma boa vontade para ajudar; aproveita-se disso enquanto espera retornar para junto do seu protegido.
498 Quando o Espírito protetor deixa seu protegido se transviar no caminho, é por sua incapacidade na luta contra outros Espíritos maldosos?
– Não. Não é porque ele não possa impedir, mas porque não quer. Isso faz seu protegido sair das provas mais perfeito e instruído; ele o assiste com seus conselhos, pelos bons pensamentos que lhe sugere, mas, infelizmente, nem sempre são escutados. Somente a fraqueza, a negligência ou orgulho do homem é que dão força aos maus Espíritos; o poder que têm sobre vós resulta de não lhes fazer resistência.
499 O Espírito protetor está constantemente com seu protegido? Não há nenhuma circunstância em que, sem abandoná-lo, o perca de vista?
– Há circunstâncias em que a presença do Espírito protetor não é necessária junto de seu protegido.
500 Chega um momento em que o Espírito não tem mais necessidade de um anjo de guarda?
– Sim, quando atingiu um grau de poder conduzir-se a si mesmo, como chega o momento para o estudante em que não tem mais necessidade do mestre; mas isso não sucederá para vós aqui na Terra.
501 Por que a ação dos Espíritos sobre nossa existência é oculta e por que, quando nos protegem, não o fazem de um maneira ostensiva?
– Se contásseis com o seu apoio, não agiríeis por vós mesmos, e vosso Espírito não progrediria. Para progredir, vos é preciso experiência e, muitas vezes, é preciso adquiri-la à própria custa. É preciso que exerça suas forças; sem isso seria como uma criança a quem não se deixa caminhar sozinha. A ação dos Espíritos que vos querem bem é sempre regida de maneira a não impedir o vosso livre-arbítrio, visto que, se não tiverdes responsabilidade, não avançareis no caminho que deve conduzir a Deus. O homem, não vendo quem o ampara, confia em suas próprias forças; seu guia, entretanto, vela sobre ele e, de tempos em tempos, o adverte do perigo.
502 O Espírito protetor que consegue conduzir seu protegido no bom caminho tem alguma recompensa?
– É um mérito que lhe é levado em conta para seu próprio adiantamento ou para sua felicidade. É feliz quando vê seus esforços coroados de sucesso; triunfa como um mestre triunfa com o sucesso de seu discípulo.
502 a Ele é responsável se não tiver êxito?
– Não, uma vez que fez o que dependia dele.
503 O Espírito protetor sofre quando vê seu protegido seguir o mau caminho, apesar de seus conselhos? Isso não é para ele uma causa de perturbação para sua felicidade?
– Ele sofre com esses erros e o lastima; mas essa aflição não tem as angústias da paternidade terrestre, porque sabe que há remédio para o mal, e o que não é feito hoje se fará amanhã.
504 Podemos sempre saber o nome do nosso Espírito protetor ou anjo de guarda?
– Como quereis saber nomes que não existem para vós? Acreditais que haverá entre os Espíritos somente aqueles que conhecestes?
504 a Como, então, invocá-lo se não o conhecemos?
– Dai-lhe o nome que quiserdes, de um Espírito Superior pelo qual tendes simpatia ou veneração; vosso Espírito protetor atenderá ao chamado; todos os bons Espíritos são irmãos e se assistem entre si.
505 Os Espíritos protetores que tomam nomes conhecidos são sempre, realmente, os das pessoas que usaram esses nomes?
– Não, mas dos Espíritos que lhes são simpáticos e que muitas vezes vêm a seu chamado. Fazeis questão de nomes, então, tomam um que inspire confiança. Quando não podeis realizar uma missão pessoalmente, costumais mandar alguém de confiança em vosso nome.
506 Quando estivermos na vida espírita reconheceremos nosso Espírito protetor?
– Sim. Muitas vezes já o conhecíeis antes da vossa encarnação.
507 Os Espíritos protetores pertencem todos à classe dos Espíritos Superiores? Pode-se encontrar entre os de classe intermediária? Um pai, por exemplo, pode tornar-se protetor de seu filho?
– Pode. Mas a proteção supõe um certo grau de elevação e um poder ou uma virtude concedidos por Deus. O pai que protege seu filho pode, por sua vez, ser assistido por um Espírito mais elevado.
508 Os Espíritos que deixaram a Terra em boas condições podem sempre proteger os que amam e que lhes sobrevivem?
– Seu poder é mais ou menos restrito; a posição em que se encontram não lhes dá toda a liberdade de ação.
509 Os homens no estado selvagem ou de inferioridade moral têm igualmente seus Espíritos protetores? E, nesse caso, esses Espíritos são de ordem tão elevada quanto a dos protetores dos homens mais avançados?
– Cada homem tem um Espírito que vela por ele, mas as missões são relativas ao seu objetivo. Não dareis a uma criança que começa a aprender a ler um professor de filosofia. O progresso do Espírito familiar segue de perto o do Espírito protegido. Tendo vós mesmos um Espírito Superior que vela por vós, podeis, também, tornar-vos protetor de um Espírito inferior, e os progressos que o ajudardes a fazer contribuirão para o vosso adiantamento. Deus não pede ao Espírito mais do que sua natureza comporta e o grau de elevação a que alcançou.
510 Quando o pai que vela por um filho reencarna, continua a velar por ele?
– É mais difícil que isso aconteça. Mas, de certa maneira, continua, ao pedir, num momento de desprendimento, a um Espírito simpático que o assista nessa missão. Aliás, os Espíritos apenas aceitam missões que podem cumprir até o fim.
O Espírito encarnado, principalmente nos mundos em que a existência é material, está muito submetido ao seu corpo para poder ser inteiramente devotado a um outro Espírito e poder assisti-lo pessoalmente. Eis por que aqueles que não são suficientemente elevados são assistidos por Espíritos Superiores, de tal modo que, se um falta por uma causa qualquer, é substituído por outro.
511 Além do Espírito protetor, haverá também um mau Espírito ligado a cada indivíduo com o fim de o expor ao mal e lhe fornecer ocasião de lutar entre o bem e o mal?
– Ligado não é bem a palavra. É bem verdade que os maus Espíritos procuram desviá-lo do bom caminho quando encontram ocasião; mas quando um deles se liga a um indivíduo, o faz por si mesmo, porque espera ser escutado. Desse modo, há a luta entre o bom e o mau e vence aquele por quem o homem se deixa influenciar.
512 Podemos ter muitos Espíritos protetores?
– Cada homem sempre tem Espíritos simpáticos, mais ou menos elevados, que lhe dedicam afeição e se interessam por ele, como igualmente tem os que o assistem no mal.
513 Os Espíritos que nos são simpáticos agem em cumprimento de uma missão?
– Algumas vezes, podem ter uma missão temporária, mas quase sempre são atraídos pela semelhança de pensamentos e de sentimentos, tanto para o bem quanto para o mal.
513 a Parece resultar disso que os Espíritos simpáticos podem ser bons ou maus?
– Sim, o homem encontra sempre Espíritos que simpatizam com ele, qualquer que seja o seu caráter.
514 Os Espíritos familiares são os mesmos Espíritos simpáticos ou protetores?
– Há muitas gradações na proteção e na simpatia; dai-lhes os nomes que quiserdes. O Espírito familiar é antes o amigo da casa.
 Das explicações acima e das observações feitas sobre a natureza dos Espíritos que se ligam ao homem pode-se deduzir o seguinte:
O Espírito protetor, anjo de guarda ou bom gênio tem por missão seguir o homem na vida e ajudá-lo a progredir. É sempre de natureza superior à do protegido.
Os Espíritos familiares se ligam a certas pessoas por laços mais ou menos duráveis, para ajudá-las conforme seu poder, muitas vezes limitado. São bons, mas, às vezes, pouco avançados e mesmo um pouco levianos; ocupam-se voluntariamente dos detalhes da vida íntima e somente agem por ordem ou com permissão dos Espíritos protetores.
Os Espíritos simpáticos se ligam a nós por afeições particulares e certa semelhança de gostos e de sentimentos tanto para o bem quanto para o mal. A duração de suas relações é quase sempre subordinada às circunstâncias.
O mau gênio é um Espírito imperfeito ou perverso que se liga ao homem para desviá-lo do bem, mas age por sua própria iniciativa e não no cumprimento de uma missão. A constância da sua ação está em razão do acesso mais ou menos fácil que encontra. O homem tem a liberdade para escutar-lhe a voz ou rejeitá-la.
515 O que pensar dessas pessoas que parecem se ligar a certos indivíduos para os levar fatalmente à perdição ou para guiá-los no bom caminho?
– Algumas pessoas exercem, de fato, sobre outras uma espécie de fascinação que parece irresistível. Quando isso acontece para o mal, são maus Espíritos que se servem de outros igualmente maus para melhor poderem subjugar. A Providência permite que isso ocorra para vos por à prova.
516 Nosso bom e mau gênio poderiam encarnar para nos acompanhar na vida de uma maneira mais direta?
– Isso pode acontecer. Porém, freqüentemente encarregam dessa missão outros Espíritos encarnados que lhes são simpáticos.
517 Há Espíritos que se ligam a toda uma família para protegê-la?
– Alguns Espíritos se ligam aos membros de uma família em conjunto e que são unidos pela afeição, mas não acrediteis em Espíritos protetores do orgulho das raças.
518 Os Espíritos que são atraídos para os indivíduos pela sua simpatia também o são para as reuniões de indivíduos em razão de causas particulares?
– Os Espíritos vão de preferência onde estão seus semelhantes; lá estão mais à vontade e mais certos de serem escutados. O homem atrai os Espíritos em razão de suas tendências, quer esteja só ou formando uma coletividade, como uma sociedade, uma cidade ou um povo. Há, portanto, sociedades, cidades e povos que são assistidos por Espíritos mais ou menos elevados, segundo o caráter e as paixões que os dominam. Os Espíritos imperfeitos se afastam daqueles que os repelem; resulta disso que o aperfeiçoamento moral de todas as coletividades, como o dos indivíduos, tende a afastar os maus Espíritos e atrair os bons, que estimulam e mantêm o sentimento do bem nas massas, como outros podem estimular as paixões grosseiras.
519 As aglomerações de indivíduos, como as sociedades, as cidades, as nações, têm seus Espíritos protetores especiais?
– Sim, porque são de individualidades coletivas que marcham com um objetivo comum e têm necessidade de uma direção superior.
520 Os Espíritos protetores das massas são de natureza mais elevada do que os que se ligam aos indivíduos?
– Tudo é relativo ao grau de adiantamento tanto das massas como dos indivíduos.
521 Certos Espíritos podem ajudar no progresso das artes ao proteger aqueles que se ocupam delas?
– Há Espíritos protetores especiais que assistem aos que os invocam quando os julgam dignos. Porém, não deveis acreditar que consigam fazer com que os indivíduos sejam aquilo que não são. Eles não fazem os cegos enxergarem, nem os surdos ouvirem.
 Os antigos fizeram desses Espíritos divindades especiais. As Musas eram a personificação alegórica dos Espíritos protetores das ciências e das artes, como designavam sob o nome de Lares e Penates2 os Espíritos protetores da família. Modernamente, também, as artes, as diferentes indústrias, as cidades, os continentes têm seus patronos protetores, Espíritos Superiores, mas sob outros nomes.
Cada homem tem Espíritos que lhe são simpáticos, e resulta disso que, em todas as coletividades, a generalidade dos Espíritos simpáticos está em relação com a generalidade dos indivíduos; que os Espíritos de costumes e procedimentos estranhos são atraídos para essas coletividades pela identidade dos gostos e dos pensamentos; em uma palavra, que essas multidões de pessoas, assim como os indivíduos, são mais ou menos bem assistidos e influenciados conforme a natureza dos pensamentos dos que os compõem.
Entre os povos, as causas de atração dos Espíritos são os costumes, os hábitos, o caráter dominante e principalmente as leis, porque o caráter de uma nação se reflete em suas leis. Os homens que fazem reinar a justiça entre si combatem a influência dos maus Espíritos. Em toda parte onde as leis consagram injustiças, contrárias à humanidade, os bons Espíritos estão em minoria e a massa dos maus se reúne e mantém a nação sob o domínio das suas idéias e paralisa as boas influências parciais que ficam perdidas na multidão, como uma espiga isolada no meio dos espinheiros. Ao estudar os costumes dos povos ou de qualquer reunião de homens, é fácil, portanto, fazer uma idéia da população oculta que se infiltra em seus pensamentos e em suas ações.

Pressentimentos

522 O pressentimento é sempre um aviso do Espírito protetor?
– É o conselho íntimo e oculto de um Espírito que vos quer bem. Está também na intuição da escolha que se fez; é a voz do instinto. O Espírito, antes de encarnar, tem conhecimento das principais fases de sua existência, do gênero de provas por que terá de passar; quando estas têm um caráter marcante, conserva uma espécie de impressão em seu íntimo e essa impressão é a voz do instinto, que se revela quando o momento se aproxima como um pressentimento.
523 Os pressentimentos e a voz do instinto têm sempre alguma coisa de vago. Que devemos fazer quando ficamos na incerteza?
– Quando vos achardes na incerteza, na dúvida, invocai vosso Espírito protetor ou orai ao senhor de todos, a Deus, que enviará um de seus mensageiros, um de nós.
524 Os conselhos de nossos Espíritos protetores têm por objetivo unicamente a nossa conduta moral ou também o modo de proceder nas coisas da vida particular?
– Objetivam a tudo. Eles procuram vos fazer viver o melhor possível; porém, muitas vezes, fechais os ouvidos aos seus bons conselhos e sois infelizes por vossas faltas.
 Os Espíritos protetores nos ajudam com seus conselhos pela voz da consciência que fazem falar em nós; mas como nem sempre damos a isso a importância necessária, eles nos dão outros de maneira mais direta, servindo-se das pessoas que nos rodeiam. Que cada um examine as diversas circunstâncias felizes ou infelizes de sua vida e verá que em muitas ocasiões recebeu conselhos que nem sempre aceitou e que teriam poupado muitos desgostos se os houvesse escutado.
fonte livro dos espiritos