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Queridos irmaos o chat esta aberto a todos ...aqueles que sentirem necessidade pode la fazer sua prece individual...usem e fiquem a vontade pq a espritualidade presente ira acolher depende unicamente da fé de cada um.....
Muita paz e luz a todos

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Do outro lado do espelho


O texto a seguir refere-se a um diálogo ocorrido na dimensão espiritual entre os espíritos dr. Inácio Ferreira e Padre Sebastião Carmelita, seu único amigo sacerdote desde os tempos do Sanatório Espírita de Uberaba.
A conversa precede ao inicio do penoso resgate do espírito de Tomás Torquemada, prisioneiro em região espiritual inferior, por se encontrar esgotado em perseverar no mal por quase meio milênio.
Como o mal não possui forças de auto-sustentação porque somente o Bem possui, uma vez que vem de Deus. O temível inquisidor geral da Espanha do século XV começava a redirecionar sua sintonia para a Luz, o que para seus comparsas passou a representar covardia e traição, razão pela qual o escravizavam e o mantinham como troféu de ameaça aos que ousassem imitá-lo.
No presente diálogo, o padre Carmelita, muito lúcido, comenta as táticas das inteligências refratárias à evolução em impedir o despertamento da consciência espiritual do Homem, através da disseminação de filosofias irracionais e das contradições religiosas.
Tomando a palavra, Sebastião Carmelita esclareceu:
- Os nossos irmãos que deliberaram viver nas regiões espirituais inferiores possuem uma organização semelhante à nossa: consideram-se os proprietários da terra e os donos da situação, opondo-se ao Governo Divino... Os seus líderes são antigos membros da Igreja Católica que esperavam alcançar, depois da morte, o Céu a que julgaram fazer jus. Sem dúvida, um dos maiores entraves à evolução do espírito foi a crença na absolvição dos pecados, mediante a simples prática da confissão auricular; crendo-nos limpos de todos os equívocos e mazelas, apenas por expressá-las verbalmente aos ouvidos de uma criatura tão falha quanto nós que, não raro, no confessionário, nos escutava entre o fastio e o tédio, julgávamo-nos dispensados da renovação interior, sem a qual ninguém realizará o Reino de Deus em si... A confissão era uma espécie de anestésico para a consciência, que dele poderia se valer, sempre que se visse constrangida pelo arrependimento... A penitência, prescrita pelos sacerdotes, não impunha a necessidade de se reparar o mal; com doações vultosas à Igreja, os pecados mais graves poderiam ser esquecidos pela Lei... Decepcionados com a verdade que encontraram no Além, que voluntariamente ignoraram, em seu estranho jogo de interesses, amotinaram-se contra ela, opondo-se terminantemente a toda e qualquer reparação. Defendem, às últimas conseqüências, os princípios que esposam. Crêem na existência do Cristo, mas o consideram inacessível; para eles, o Senhor é uma espécie de sonho inatingível para a Humanidade, um modelo perfeito demais para ser seguido... Se se mantivessem ilhados em seus propósitos, sem molestarem a ninguém, respeitando-lhes o livre arbítrio, não nos restaria alternativa senão a deixa-los entregues às próprias concepções; o problema é que as suas falanges têm procurado fazer adeptos, criando situação para os homens que lhes comprometem a evolução... O seu campo de trabalho é a Terra, sobre a qual estudam os anseios de expansão de seu império. Olvidam a ascese espiritual, bloqueando as passagens para o Alto, mas operam no mundo, transfigurados em obsessores e, coisa curiosa, a sua estratégia de domínio está concentrada na religião: pouco se importam com as outras áreas do conhecimento humano. Invadindo, feito o joio, que se alastra no meio do trigo, os templos consagrados à fé, independentemente da crença religiosa, desfiguram os ensinamentos do Cristo e manipulam os seus pastores. Sabem que o escândalo moral dissemina a descrença e, por este motivo, induzem os religiosos a se contradizerem... Não se preocupam tanto com os chamados freqüentadores das casas de fé; de preferência, concentram esforços sobre os que ocupam a tribuna e sobre os que são chamados pela posição que ocupam na comunidade a maiores testemunhos na exemplificação e na coerência. Chegam ao extremo de cooperarem com a subida de determinado líder religioso, para, em seguida, caprichosamente, promover-lhe a queda...
Acompanhando o raciocínio de Carmelita, quebrei o protocolo e perguntei em meio à sua fala:
- Agem também assim contra os espíritas?
- Como não, Inácio?! Para eles, na atualidade, o Espiritismo, que se propõe reviver o Cristianismo em sua pureza original, se constitui de maior ameaça, principalmente porque a filosofia espírita lhes identificou a intenção, ou seja: estudando à saciedade o problema da obsessão, suas técnicas e causas, bem como os métodos para se combater com eficiência, Allan Kardec ergueu o pano sob o qual se ocultavam nos bastidores... No entanto, a sua estratégia sobre os espíritas tem se refinado: evitam o confronto face a face, agindo de maneira discreta e sutil... A distância, trabalham na constante emissão de pensamentos, fragilizando, aos poucos, a resistência moral e intelectual dos nossos companheiros de ideal que ainda mourejam na carne...
Após efetuar pequena pausa em sua alocução, Carmelita continuou:
- Não fosse pela determinação e pela coragem de alguns poucos adeptos do Espiritismo, a Doutrina não caminharia. Graças aos que são rotulados de fanáticos, os que ousam ir um pouco além do habitual, é que o ideal espírita respira e sobrevive no mundo! Quanto a isso, não tenham a menor dúvida. Se não contássemos com os que, inclusive, se prejudicam profissionalmente e, por vezes, sacrificam mesmo a tranqüilidade da própria vida familiar, a Fé Raciocinada não fermentaria e não seria o pão com que se tem apresentado à fome de consolo e de esclarecimento da multidão faminta. O determinismo no trabalho do bem cria uma espécie de couraça contra o assédio das entidades infelizes que procuram manobrar o ânimo de quantos se revelam bem intencionados.
- Mas o que acontece, se não os atingem diretamente? - insisti, não contendo o anseio de um pouco mais saber.
- É o que você mesmo, Inácio, se cansou de dizer em seus escritos e de ver no cotidiano do Sanatório: procuram alcançá-los através dos familiares aos quais devotam particular afeto... Obsessão indireta seria o termo correto. Desferem impiedosos ataques contra os filhos dos médiuns; contra os cônjuges dos companheiros firmes na Doutrina, levando-os à infidelidade conjugal ou à intolerância; contra a situação socioeconômica do grupo doméstico, fazendo coincidir a promissora adesão ao Espiritismo de um dos seus membros com as dificuldades que faceiam... A imaginação para o mal é fertilíssima. A gleba que o Senhor tem procurado lavrar, por enquanto, é mais propícia à erva daninha do que ao bom grão!
Como se desejasse sintetizar, para que o assunto inicial de seu diálogo conosco fosse retomado, Carmelita esclareceu:
- A obsessão envolve um planejamento meticuloso; não estamos nos referindo àquela obsessão de caráter particular, mas, sim, àquela que interessa à cúpula das Trevas... Os médiuns sem consciência de que o são existem em toda parte. Elementos da família, mediunizados sem que disto suspeitem, recriminam os confrades que se devotam à Causa, rotulando-os de indiferentes e omissos para com o que acontece dentro de casa... Sem dúvida, limites carecem ser estabelecidos, e o bom-senso deve nos nortear em toda e qualquer atitude. Não podemos relegar ao esquecimento os nossos deveres primordiais, todavia, a pretexto disto, não podemos fugir ao compromisso que extrapola as obrigações pertinentes a qualquer um que viva em regime de interdependência. A inquirição de Jesus aos seus Apóstolos ainda hoje ecoa, sem resposta, na acústica de nossas consciências: "Que fazeis de especial?" Ninguém está no mundo para servir com exclusividade a si ou àqueles que se lhe fazem objeto de afeição imediatista.
As mentes que inspiram a luta contra a idéia de Deus no Universo não acreditam na existência do Criador, apregoando, inclusive, que toda fé religiosa se constitui em entrave à liberdade; querem a vida sem a presença de Deus e o homem vivendo em estado de liberdade natural, com menos razão e mais instinto.
- É uma filosofia tentadora - asseverei - porquanto a tese da evolução, que a Doutrina Espírita difunde, é, para estes, uma canseira; reencarnar indefinidamente...
- Fazem o marketing de um produto que atende os interesses imediatos da criatura encarnada, não é, Inácio?
- Não apenas da criatura encarnada...
- E veja que estamos em plena realidade espiritual, com perfeito conhecimento de causa. O que não sobra para os nossos irmãos imersos nas ilusões da matéria?...
- Se não fosse por Cristo Jesus...
- Por este motivo, as Trevas não cessam de combatê-lo através daqueles que a servem no mundo.
Texto parte do livro DO OUTRO LADO DO ESPELHO.