Aviso

Queridos irmaos o chat esta aberto a todos ...aqueles que sentirem necessidade pode la fazer sua prece individual...usem e fiquem a vontade pq a espritualidade presente ira acolher depende unicamente da fé de cada um.....
Muita paz e luz a todos

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Superando o Sofrimento


Na Mitologia Grega encontramos a história de Pandora, que recebeu a incumbência dos deuses de transportar uma caixa. Recebeu também uma advertência, a de não abri-la. Acontece que a curiosidade foi muita e Pandora decidiu-se por ver o que tinha dentro. Ao levantar a tampa, todos os males do mundo saíram: o crime, a traição, a indiferença, a leviandade, o egoísmo, etc. Porém, ela teve tempo de fechar a caixa e manter dentro uma virtude, a esperança.
Porque a esperança é a virtude que de alguma forma abrirá campo para se aguardar o melhor, mesmo nos momentos difíceis. É ela que saberá esperar o melhor, fazendo de tudo para superar o momento de sofrimento.

Mas o sofrimento, é algo que todos experimentamos ao longo da existência. Sofre o ser humano as contingências da vida, como sofrem os animais, os vegetais.

O tema sofrimento foi muito bem estudado por Siddharta Gautama, o Buda (563 a.C. - 483 a.C). O mestre oriental cantou pelas estradas da Índia suas quatro nobres verdades:

A primeira nobre verdade é a existência do sofrimento. O sofrimento existe e ninguém pode negar. Todo mundo passa pelo sofrimento. Quem não passou por ele, ainda passará. Quem não sentiu em si o sofrimento, muitas vezes sofre ao ver alguém que ama que passa por situações difíceis.

A segunda nobre verdade é que todo sofrimento tem uma causa. Sempre existe um motivo para a existência do sofrimento. Se as causas não estão no hoje, na existência atual, seguramente estarão no passado espiritual da criatura.

Mas a terceira nobre verdade diz que é necessário superar a causa do sofrimento. Se o sofrimento tem uma causa, é necessário criar mecanismos, desenvolver habilidades que permitam ao ser superar aquilo que causa o sofrimento.

Se é necessário superar o sofrimento, então qual a melhor forma? Esta a quarta verdade trazida por Buda. Mas ele não só cantou as quatro verdades, como também trouxe a forma de liberação do sofrimento:

Para se superar o sofrimento, a melhor forma é ter uma consciência reta. É importante não carregar em si sentimentos de culpa. A culpa, mesmo que de forma inconsciente é geradora de sofrimento, porque toda culpa pede uma punição. Toda consciência culpada encontra meios de sofrer o que fez, pois o psiquismo do ser culpado mobiliza agentes próximos capazes fazerem o papel de cobradores. Então é necessário estar com a consciência tranqüila. Agir retamente, falar retamente, sentir retamente, enfim, viver retamente.

Mas também é necessário ter um coração que ame. É preciso não carregar ódios no coração. É importante ter a capacidade do amor a si, ao outro e a vida.
E por fim ter mãos que trabalhem. Porque é inconcebível que o ser fique ocioso. A lei da vida é de trabalho. O próprio Cristo disse: Meu Pai trabalha até hoje e eu trabalho também. No Livro dos Espíritos, os imortais nos dizem que toda ocupação útil é trabalho. Então é preciso ocupar bem o tempo, aprendendo, produzindo, criando a felicidade para si e para o próximo.

O próprio mestre vienense Sigmund Freud, definiu o que seja uma personalidade saudável: de forma suscinta disse que aquele que é capaz de amar e trabalhar é saudável. Coincidindo com o que Buda, Jesus e os espíritos disseram na Codificação.

Mas o fato é que estamos encarnados em um planeta que na categoria dos mundos equivale ao de Provas e Expiações. Os mundos desta ordem, ainda muito inferiores, trazem como marca o sofrimento, pela condição precária dos espíritos que o habitam.

A benfeitora espiritual Joanna de Ângelis nos diz que o que marca as provas é a programação espiritual realizada pelos mentores antes da encarnação de seus tutelados. É verificada a situação do passado espiritual e são propostas provas, ou seja, vivências, que estimulem a criatura a superar a si mesma, despertando os valores que jazem em si de forma latente. Aqueles que são bem sucedidos nas experiências, elevam-se espiritualmente, moralmente, intelectualmente. Aqueles que equivocam-se diante das provas muitas vezes tornam-se devedores perante a divindade e posteriormente terão que reparar as dores que causaram em outros ao longo da caminhada.

A prova é uma forma de avaliação, pois o candidato à elevação passa a conhecer a sua realidade interior e verifica em que ponto da evolução se encontra.

A expiação ao contrário é a cirurgia corretiva necessária, diante de disparates cometidos em outras existências, que pedem reparações dolorosas, mediante a rebeldia perante as leis divinas.

Doenças congênitas, acidentes inevitáveis, perda de filhos, muitas vezes são expiações necessárias para o aprendizado onde faltou o amor.

Toda vez que falta o amor, surge a dor como mecanismo para trazer de volta o calceta. Portanto o amor será visto como a terapia saudável de reabilitação. A divindade não quer o sofrimento. O sofrimento muitas vezes é escolha, pois aponta simplesmente para a necessidade de aprendermos a lidar com as questões da vida de forma diversa da atual.

Na carta de Pedro encontramos que é o amor que cobre a multidão dos pecados e não o sofrimento.

O apóstolo Tiago em sua epístola diz: "Tende grande gozo quando vos forem enviadas várias provações." (Tg. 1.2)

Mas quem na atualidade em uma cultura onde busca-se fugir da dor e do sofrimento a qualquer preço ficaria feliz com várias provações?

Somente quem tem uma visão espiritualizada da vida. Uma visão da imortalidade da alma. O conhecimento da reencarnação.

Não se trata de uma postura masoquista, que é algo doentio, antes uma visão otimista, pois ficar feliz diante das várias provações equivale a dizer que estamos de alguma forma expurgando nosso passado, nos liberando das mazelas que criamos para nós próprios.

Os espíritos superiores nos dizem que somente passamos por provas quando temos a real condição de sermos bem sucedidos em sua superação. Jamais passaríamos por provas que não teríamos condição de crescimento com ela. Se tomamos bomba nas provas é que não buscamos todos os recursos necessários para a firmeza diante destas proposições.

No Evangelho Segundo o Espiritismo encontramos no Cap. V, os itens causas atuais das aflições e causas anteriores das aflições, onde os benfeitores nos dizem que a maior parte dos nossos sofrimentos de agora, encontram-se em nossas escolhas imperfeitas desta existência. De nosso passado muito próximo. Mas que se procurarmos as causas nesta vida e não as encontrarmos seguramente as encontraremos em nosso passado espiritual, em existências anteriores.

Na questão de número 726 de O Livro dos Espíritos, Kardec pergunta: - Se a maneira como suportamos os sofrimentos deste mundo nos eleva, os sofrimentos que criarmos voluntariamente também podem elevar-nos?

Se eu sofrer e for bem sucedido na experiência posso então buscar o sofrimento para me elevar?

Os imortais responderam o seguinte: Os únicos sofrimentos que elevam são os naturais, porque vem de Deus. Os sofrimentos voluntários não servem para nada, quando nada fazem pelo bem de outros. (...)

Sofrer não vale quando a experiência é causada voluntariamente.

No cap. V de O Evangelho Segundo o Espiritismo Kardec nos traz o tópico o bem e o mal sofrer, onde encontramos as instruções sobre como lidar com o sofrimento, utilizando-se de resignação, fé, paciência, perseverança, superação.

A psicologia social se utilizou de um termo da física para falar das pessoas que tem a capacidade de mesmo passando por situações de muito sofrimento apresentarem experiências valorosas de crescimento, de manterem-se íntegras intimamente. O termo é resiliência, vem da física e fala dos materiais que após serem pressionados tem a capacidade de voltarem à forma original.

Nos lembramos da americana Helen Keller, exemplo de superação, que aos dezoito meses de idade, após ter adoecido de escarlatina ficou surda e cega. Aos sete anos seus pais lhe encaminharam uma professora, Ane Sulivan, verdadeiro anjo que veio para lhe ensinar e que também era cega. De uma inteligência invulgar, Helen aprendeu a se comunicar por sinais lendo-os com as mãos, a falar, pela vibração das cordas vocais. Estudou, prestou concurso, formou-se em filosofia e viajou o mundo inteiro realizando conferências sobre direitos humanitários.

Escreveu vários livros e deixou inúmeros pensamentos que são verdadeiras lições de vida: "As melhores e mais belas coisas do mundo não podem ser vistas nem tocadas, mas o coração as sente" (Helen Keller); "Me dá um grande sentimento de tranquilidade saber que as coisas visíveis são temporárias e as coisas invisíveis são eternas." (Helen Keller).

Helen Keller não ficou se lamentando de suas deficiências, aproveitou o que tinha enquanto possibilidades e superou-se a si mesma. Seguramente veio à Terra lecionar resiliência a todos nós.

Uma coisa temos de ter em mente, a forma como lidamos com as situações, nos dizem das fronteiras até onde encontraremos a solução. Quando aparecerem em nossas vidas as provas não vamos chama-las de problemas, mas de desafios. As provas são desafios da vida para germinar em nós a centelha divina. O atrito da experiência acelera o desenvolvimento.

Se pensarmos no pão, alimento basilar da vida de todos nós. O pão é o trigo que foi moído, triturado, amassado e cozido em altas temperaturas, para depois oferecer a vida em forma de nutrição.

O vaso de barro passa por processo semelhante, a lama retirada do charco, vira nas mãos habilidosas do oleiro a forma da futura utilização, solidificando valores no forno para melhor servir.

O diamante bruto somente revela seu verdadeiro quilate, após a lapidação hábil do joalheiro que sabe fazer expressar seu real valor.

Assim também é o ser humano diante do sofrimento as provas o elevam, purificam, agitam seu interior, desvelando todo seu potencial, até que aprenda o real valor da vida: Amar!

Rodrigo Ferretti